segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Lemyr Martins escreveu em sua coluna na quatro rodar sobre as falêcias na Fomula 1

COLUNA QUEM ESCREVE

Lemyr
Martins


Jornalista especializado em automobilismo, já cobriu mais de 280 Grandes Prêmios in loco.

Folha corrida

A Fórmula 1 tem um histórico notável de falência e vendas de escuderias. Antes da Honda (que adquiriu a BAR – Britishi American Racing –, que por sua vez comprou a Tyrrell, ao mesmo tempo em que incorporou a Reinard, fábrica de chassis de sucesso na Indy e nas formulas menores), aconteceram várias insolvências e ressuscitações de equipes.

Portanto, o ocaso da Honda é só mais um capítulo na gangorra das equipes da
Fórmula 1, uma marca que já tinha participado de campeonatos na década de 60, inclusive com vitória no GP da Itália com John Surtees. Seguramente, Nick Fry e Ross Brawn, síndicos dos espólios do time nipônico, encontrarão um bom comprador para o complexo que os japoneses montaram em Brackley, Inglaterra.

Não foram poucas as equipes que sumiram na poeira do tempo. Algumas, como as poderosas norte-americanas Penske e Parnelli-Jones, participaram de alguns campeonatos e desistiram sem mais explicações.

Outras marcas tradicionais como a Alfa Romeo, Lancia, Porsche e Matra desistiram por causa do baixo custo-benefício, enquanto as carismáticas Lotus, Tyrrell e Brabahm, sucumbiram após a morte ou aposentadoria de seus fundadores.

O histórico das ex-escuderias é bem maior. Nestes 59 anos da existência da Fórmula 1 nada menos de 159 marcas povoaram e sumiram dos autódromos do mundo. Times que fizeram parte da roleta de uma categoria na qual equipes milionárias jogaram milhões de dólares apostando no sucesso. Outras financiaram devaneios, aventureiros se tornaram ricos e pilotos faliram na busca de fortuna, construindo protótipos de competições. Não são muitas as máquinas vitoriosas, mas quase todas mereceram troféus.

A Minardi, por exemplo, merecia o troféu teimosia.. Fundada pelo italiano Giancarlo Minardi em Faenza, foi vendida em 2002 ao australiano Paul Stodart, empresário do ramo da aviação apaixonado por corridas. Que, por sua vez, a repassou em 2005 à Red Bull, do austríaco Dietrich Mateschitz, que fez fortuna com as latinhas de energéticos.

É a escuderia pela qual mais pilotos ingressaram na F-1, inclusive o espanhol Fernando Alonso, bicampeão mundial de 2005/2006. Desde a fundação, em 1985, até 2005, nada menos de 43 pilotos aceleraram os Minardi, não exatamente por preferência, mas pela facilidade de comprar um posto nos seus carros, que foram a porta dos fundos da F-1.
Jamais um piloto da Minardi venceu uma corrida, fez pole position ou subiu ao pódio.

Já o Andrea Moda foi pior carro da história da categoria. Fundado por um famoso costureiro em 1992, que batizou-a com seu nome por extenso, só se classificou no GP de Mônaco, com o brasileiro Roberto Moreno, que percorreu míseros 37 quilômetros. O segundo piloto, um inglês com nome de detetive, Perry White, bem que insistiu classificar o Andrea Moda, mas fracassou em nada menos que 16 tentativas.

A Beatrice-Lola merece a taça da escuderia da mais perdulária. Nasceu num relâmpago megalômano do grupo norte-americano Beatrice, Uma multinacional que, entre outras grifes, é dona da Max Factor, da Avis e da Samsonite, com um faturamento anual de 12,6 bilhões de dólares. A Beatrice destinou um orçamento de 650 milhões de dólares, em 1985 – maior do que Toyota Honda e McLaren em 2008 -- e se associou à Lola Cars, que construiu seus protótipos. Para pilotos a Beatrice contratou Alan Jones, o campeão mundial de 1980, e o francês Patrick Tambay.

A promessa era de vida longa na categoria, mas desistiram no segundo ano com apenas uma sexto lugar de Tambay. Beatrice pagou 90 milhões de dólares de multa contratual à Lola e foi cuidar dos negócios que entendia.

Se houvesse uma categoria “aventureiro”, ele ficaria bem com a Theodore Racing, de Thedore Yip, um milionário de Hong Kong que decidiu imortalizar seu nome na galeria da F-1 em 1981. Encomendou uma cópia do Williams-Ford do ano e brincou de mecenas durante 33 grandes prêmios, mas só comemorou um único pontinho no GP dos Estados Unidos de 1981, com Patrick Tambay, um dos oito pilotos que serviram bem pagos aos caprichos do patrão de Hong Kong.

Já o troféu patriotismo ninguém tira para da Copersucar-Fittipaldi. A equipe brasileira, que, além de Wilsinho e Emerson, teve outros cinco pilotos inscritos. Disputou 104 grandes prêmios entre 1975 e 1982, com o finlandês Keke Rosberg ,o italiano Arturo Merzario -- que correu apenas o GP da Itália de 1975 -- e outros três pilotos brasileiros: Ingo Hoffmann e Alex Dias Ribeiro e Chico Serra. As melhores colocações do Fitti F-1 no Campeonato de Construtores foram 7º, 17 pontos, 1978, 7º, 11 pontos, 1980.

Fonte: Site Quatro Rodas - Texto Lemyr Martins

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